sábado, 16 de outubro de 2010

FADAISMO PÓS-MODERNO

As origens do Modernismo situam-se no niilismo filosófico de Nietzsche que com a morte de Deus obrigava a reinventar o ser humano. Diante da quebra de valores que representou a Primeira Guerra Mundial, um grupo de artistas refugiados na Suíça criou um movimento radical, que o acaso denominou “dada”, contra tudo aquilo que até então era válido.

O pós-modernismo foi o sonho do grande império, a ditadura do efémero, da estetização da propaganda, da inexistência do ser. Mas também da fragmentação do saber em pílulas douradas e fáceis de engolir. A transmissão de conhecimento deixou de ser um objetivo do ensino para ser substituído por experiências e sensibilidades em constante mutação. O mundo deixou de ser ‘factum’ para converter-se em ‘fictum’, simulacro.

O cogumelo de Hiroxima acabou por cobrir quase todo o planeta e sumiu o mundo no pensamento débil do pós-modernismo, com perda do passado e do futuro. Essa radiação de anti-modernismo trocou a ação de pensar pelo culto ao corpo e à tecnologia, renunciando às utopias e ao progresso. Diluiu as ideologias e acabou com a auto superação e o esforço. A verdade passou a ditar-se desde os meios de massas e dos gabinetes de marketing, onde se instalou o poder real

O antídoto da cultura já não faz efeito porque o pós-modernismo rebaixou-a tanto que se confunde mesmo com a incultura.

Para assimilar e preencher aquele enorme vazio deixado pela ‘morte de Deus’, o modernismo tinha ao seu dispor uma alta cultura bem treinada na “forma”. Para remediar o vazio absoluto deixado pelo pós-modernismo não há contingentes intelectuais suficientes, com treino do “formal”, que repensem a humanidade tão rápido como os publicistas a desconstroem O transmodernismo criou algumas condições para isso, como a sociedade organizada em redes de comunicação global, que a pouco e pouco pode gerar um novo e plural pensamento forte, base para um neomodernismo. Mas é urgente pensar se queremos ser nós a reinventar-nos ou aceitamos ‘que inventem eles, e nós aproveitaremos as suas invenções